quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Considerações - "Os Usos Sociais da Ciência" - BOURDIE, Pierre

          No dia 31.01.2013 analisamos a obra de Bourdie, durante a aula de CTS ministrada pelo Professor Doutor Sidney Jard. A partir das reflexões realizadas, foi possível sanar algumas dúvidas sobre o papel da ciência na sociedade. Sendo que o ponto a ser discutido será a questão da autonomia da ciência.
           Durante a leitura do livro, foram levantadas algumas questões sobre o quão submetida a ciência deve estar em relação às leis da sociedade.
           Para Bourdie, a ciência deve ser independente dos interesses de outros campos. Sendo que para ter um papel significativo na sociedade, a ciência deve reinterpretar, a partir de seus critérios, os interesses de outros campos, oferecendo caminhos alternativos para a demanda de cada grupo.Essa colocação leva a ideia de refração, que todos os campos devem possuir. Isto é, quando determinado assunto é debatido pelo campo científico, esse assunto deve sofrer alguma modificação e ser interpretado a partir dos critérios dos campo que o está estudando- nesse caso, o científico. A partir dessa reinterpretação elabora-se soluções ou propostas para o assunto estudado, mas partindo dos conhecimentos do campo que o reelaborou.
            Entretanto, muitas vezes ocorre o contrário, uma vez que a autonomia da ciência está atrelada ao financiamento das pesquisas, por parte do Estado ou do setor privado. A ciência cede a sua autonomia em prol dos interesses desse grupos que a financiam.
Sendo assim, o campo científico sofre pressões de outros campos.  Mas, não há problemas em trabalhar/ abordar outros setores, como o econômico ou político. Desde que a ciência mantenha intactos os seus critérios, para que possa manter a autonomia da sua área e fazer uma ciência pura, que é a ciência pela ciência.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Considerações - "Ciência como vocação" - WEBER, Max.


Max Weber, sociólogo alemão, em sua obra Ciência e Política: duas vocações são desenvolvidos alguns conceitos e alguns esclarecimentos sobre o homem cientista e político. 
A fim de delimitar nossa discussão ao capítulo que nos foi pedido tratar (o capítulo 1: ciência como vocação), irei destacar aquelas ideias que me pareceram mais relevantes, sendo esta escolha estritamente pessoal, isto é, não me disponho a resenhar este capítulo, mas sim cuidar e produzir, de maneira pontual, alguns conceitos que me pareceram mais espectáveis. 

O autor inicia seu ensaio de forma comparativa, analisando as estruturas de ingresso e a consolidação do professor universitário alemão e estadunidense no sistema educacional.
"Para compreender em que consiste a este respeito a particularidade da nossa situação alemã, é conveniente proceder de modo comparativo e recordar como estão as coisas no país estrangeiro que, quanto a estas questões, mais contrasta com o nosso, isto é, nos Estados Unidos." (Weber, p. 01)
A medida em que são confrontados estes dois sistemas, Weber caracteriza-os. Por um lado, há o sistema alemão que é orientado pelo modelo plutocrático, pois o jovem cientista não é remunerado para dar aulas, com efeito, este jovem vive pela ciência, empenhado em fazer ciência pela ciência; o cientista não pode ser demitido e dá poucas aulas. Por outro lado, o sistema estadunidense é orientado pelo modelo burocrático, onde o jovem cientista recebe uma singela remuneração, assinalando o viver da ciência por este jovem; o cientista pode ser demitido e dá muitas aulas. O autor aponta o modelo americano como tendência de ensino, posto que neste sistema é considerado um professor de sucesso aquele que enche a sala, que os alunos disputam uma vaga na disciplina lecionada por ele. Para tanto, o mestre pode valer-se de recursos não convencionais de sala aula na tentativa de cativar e angariar mais e mais estudantes.

Outros dois pontos trabalhados por Weber são: a vocação e a paixão. Ambos os conceitos são fomentados na mesma direção, uma vez que o homem científico deve ter vocação, uma espécie de "chamado divino" (fenômeno externo ao indivíduo) e, acima de tudo, ser movido pela paixão à ciência. Caso contrário, o homem que não possua tais habilidades, jamais se deverá impor um dispêndio tão grande de se meter em algo que não ama, pois todo homem deve ser submetido a trabalhar somente por aquilo que é apaixonado.
"Jamais conseguirá clarificar em si o que se poderia chamar de “vivência” da ciência . Sem esta estranha embriaguez, ridícula para todos os que a contemplam de fora, sem esta paixão, sem este sentimento de que “tiveram de passar milênios, antes de teres nascido, e outros milênios aguardaram em silêncio” – que confirmasses tal conjectura, não se tem vocação para a ciência; que faça outra coisa. Pois nada tem valor" (Weber, p. 08)

Por último, outra passagem que me chamou atenção foi a desconstrução do pensamento e da crença no sobrenatural como provedor das explicações dos fenômenos naturais. Para Weber, esta desconstrução foi responsável pelo "desencantamento" na fé religiosa, ou seja, o "lúdico, mágico, encantando" é posto em xeque através do método científico, pois é do cientista ser encantando em identificar padrões, ser capaz de realizar previsões, sendo todas as suas convicções pautadas pela racionalidade.
"não há poderes ocultos e imprevisíveis, que nela interfiram; que, pelo contrário, todas as coisas podem – em princípio - ser dominadas mediante o cálculo. Quer isto dizer: o desencantamento do mundo. Diferentemente do selvagem, para o qual tais poderes existem, já não temos de recorrer a meios mágicos para controlar ou invocar os espíritos. Isso consegue-se graças aos meios técnicos e ao cálculo. Tal é, essencialmente, o significado da intelectualização." (Weber, p. 13)
Enfim, estas são as ideias que considerei mais relevantes. Peço que as outras colaboradoras, Sara e Tairine, também contribuam com comentários que possam enriquecer esta discussão. E aqueles que queiram deixar sua sugestão, crítica ou desabafo, fiquem à vontade!

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