segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Considerações - "Ciência como vocação" - WEBER, Max.


Max Weber, sociólogo alemão, em sua obra Ciência e Política: duas vocações são desenvolvidos alguns conceitos e alguns esclarecimentos sobre o homem cientista e político. 
A fim de delimitar nossa discussão ao capítulo que nos foi pedido tratar (o capítulo 1: ciência como vocação), irei destacar aquelas ideias que me pareceram mais relevantes, sendo esta escolha estritamente pessoal, isto é, não me disponho a resenhar este capítulo, mas sim cuidar e produzir, de maneira pontual, alguns conceitos que me pareceram mais espectáveis. 

O autor inicia seu ensaio de forma comparativa, analisando as estruturas de ingresso e a consolidação do professor universitário alemão e estadunidense no sistema educacional.
"Para compreender em que consiste a este respeito a particularidade da nossa situação alemã, é conveniente proceder de modo comparativo e recordar como estão as coisas no país estrangeiro que, quanto a estas questões, mais contrasta com o nosso, isto é, nos Estados Unidos." (Weber, p. 01)
A medida em que são confrontados estes dois sistemas, Weber caracteriza-os. Por um lado, há o sistema alemão que é orientado pelo modelo plutocrático, pois o jovem cientista não é remunerado para dar aulas, com efeito, este jovem vive pela ciência, empenhado em fazer ciência pela ciência; o cientista não pode ser demitido e dá poucas aulas. Por outro lado, o sistema estadunidense é orientado pelo modelo burocrático, onde o jovem cientista recebe uma singela remuneração, assinalando o viver da ciência por este jovem; o cientista pode ser demitido e dá muitas aulas. O autor aponta o modelo americano como tendência de ensino, posto que neste sistema é considerado um professor de sucesso aquele que enche a sala, que os alunos disputam uma vaga na disciplina lecionada por ele. Para tanto, o mestre pode valer-se de recursos não convencionais de sala aula na tentativa de cativar e angariar mais e mais estudantes.

Outros dois pontos trabalhados por Weber são: a vocação e a paixão. Ambos os conceitos são fomentados na mesma direção, uma vez que o homem científico deve ter vocação, uma espécie de "chamado divino" (fenômeno externo ao indivíduo) e, acima de tudo, ser movido pela paixão à ciência. Caso contrário, o homem que não possua tais habilidades, jamais se deverá impor um dispêndio tão grande de se meter em algo que não ama, pois todo homem deve ser submetido a trabalhar somente por aquilo que é apaixonado.
"Jamais conseguirá clarificar em si o que se poderia chamar de “vivência” da ciência . Sem esta estranha embriaguez, ridícula para todos os que a contemplam de fora, sem esta paixão, sem este sentimento de que “tiveram de passar milênios, antes de teres nascido, e outros milênios aguardaram em silêncio” – que confirmasses tal conjectura, não se tem vocação para a ciência; que faça outra coisa. Pois nada tem valor" (Weber, p. 08)

Por último, outra passagem que me chamou atenção foi a desconstrução do pensamento e da crença no sobrenatural como provedor das explicações dos fenômenos naturais. Para Weber, esta desconstrução foi responsável pelo "desencantamento" na fé religiosa, ou seja, o "lúdico, mágico, encantando" é posto em xeque através do método científico, pois é do cientista ser encantando em identificar padrões, ser capaz de realizar previsões, sendo todas as suas convicções pautadas pela racionalidade.
"não há poderes ocultos e imprevisíveis, que nela interfiram; que, pelo contrário, todas as coisas podem – em princípio - ser dominadas mediante o cálculo. Quer isto dizer: o desencantamento do mundo. Diferentemente do selvagem, para o qual tais poderes existem, já não temos de recorrer a meios mágicos para controlar ou invocar os espíritos. Isso consegue-se graças aos meios técnicos e ao cálculo. Tal é, essencialmente, o significado da intelectualização." (Weber, p. 13)
Enfim, estas são as ideias que considerei mais relevantes. Peço que as outras colaboradoras, Sara e Tairine, também contribuam com comentários que possam enriquecer esta discussão. E aqueles que queiram deixar sua sugestão, crítica ou desabafo, fiquem à vontade!

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Link do texto:http://citecsoci.blogspot.com.br/p/arquivos-aula.html

2 comentários:

  1. Em relação à última colocação feita, sobre o desencantamento do mundo, é necessário pensar sobre os impactos dessas ideias cientificistas em uma época guiada pelo teologia, na qual sempre havia explicações a partir do sobrenatural. Esse desencantamento seria na verdade, a perda de sentido do mundo como ele era, afinal, as questões não mais são explicadas pela fé, mas sim por métodos científicos, racionais. Com certeza, uma grande revolução para a época.

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  2. Concordo com a Tairine, os impactos dessa mudança de sustentação é um marco para todas as gerações seguintes. Com tudo, considero ainda a primeira colocação de Weber, aqui retratada, sobre os modelos de sistemas universitários. Ao meu ver, após confrontarmos as características do modelo alemão com o modelo estaduniense, vejo com clareza a regência dos Estados Unidos também na área educacional, propriamente no ensino superior. Me ouso expor a opinião de que, a forma de direcionamento capitalista desta grande potencia, assemelha-se em todas as áreas. Umas vez que o modelo burocrático estaduniense controla também a maneira como a ciência é feita no instituo do Estado.

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